sexta-feira, 8 de maio de 2015

O mito de Apolo e Jacinto

A Iconografia representa uma das mais importantes e marcantes tragédias românticas presentes nas crenças greco-romanas, o mito de um amor "divino", mas regado por características tão humanas quanto possível . De acordo com a mitologia grega, Jacinto, um jovem mortal e Príncipe Espartano, possuidor de uma beleza rara e magnífica (até mesmo aos olhos das Divindades da época) era apreciado por todos, mas amado arduamente pelos Deuses Apolo (Deus da juventude, da Luz e do Sol) e Zéfiro ( um dos Deuses responsáveis pelos ventos, especificamente pelos ventos do oeste, suáveis e agradáveis, que anunciariam o início da primavera). Ambos (Apolo e Zéfiro) sempre cortejavam o belo espartano, até que um dia Jacinto fez uma escolha: entregou-se aos encantos de Apolo, que lhe deu um beijo para selar o seu amor, despertando assim a fúria e os ciúmes de Zéfiro. Um dia Jacinto e Apolo estavam praticando o esporte de lançamento de discos. Em uma das vezes que Apolo lançou o disco para Jacinto, Zéfiro que era o Deus dos ventos do oeste, cego de ciúmes e com raiva da rejeição de seu amor por Jacinto, soprou o disco bem forte, mudando o seu curso e fazendo com que o mesmo girasse em outro sentido, atingindo consequentemente a cabeça do jovem espartano e causando a sua morte.
A pintura a óleo (criada no ano de 1801, pelo pintor neoclassicista francês, Jean Broc [1771-1850]) dá vida justamente ao momento em que Apolo toma Jacinto aos seus braços a fim de socorrê-lo, porém, ele já estava morrendo e nem mesmo as exímias habilidades médicas do Deus do Sol poderiam salva-lo. Apolo, ressentido com a perda de seu grande amor, transforma o sangue de Jacinto (que havia sido derramado naquele mesmo solo fértil) em uma bela flor, que recebeu o nome do mortal falecido, como forma de eternizar aquele amor interrompido.
Com isso, deixamos aberta a reflexão de que o universo das relações afetivas humanas esteve presente nesta e nas variadas crenças e lendas (sejam Gregas, Romanas ou outras) desde as civilizações mais antigas do mundo.

         Se as próprias sociedades greco-romanas (estas que produziram várias contribuições artísticas, políticas, econômicas, religiosas e institucionais) que deram origem aos modelos das várias sociedades ocidentais (da arrebatadora maioria) disseminavam (através de suas crenças, que naquele período eram consideradas verídicas) não só a possibilidade, mas a própria prática da relação entre 2 homens ou até mesmo as “paixões platônicas” porém interrompidas entre Deuses e homens (ou mulheres), porque a nossa sociedade condena a todos os seres (homens ou mulheres) de universos sexuais divergentes a um suposto castigo ou penitência “divina” por escolherem algo que é natural (como a relação entre semelhantes) desde os tempos mitológicos? Afinal, não devemos amar ao próximo como a nós mesmos? Esta reflexão cabe somente a você, caro leitor.
" A morte de Jacinto" (1801), pintura a óleo do neoclassicista francês Jean Broc (1771-1850)

Nenhum comentário:

Postar um comentário