Ritos de passagem: a homossexualidade presente nas tribos indígenas brasileiras e no período colonial, segundo Gilberto Freyre
Gilberto Freyre na década de 1930 publica sua grande obra
Casa-grande e Senzala, baseando-se em uma vasta documentação, esta obra violou
concepções racistas ainda vigentes na época, transformando-se de grande importância
para compreensão da formação da sociedade brasileira, especificamente da
formação sexual.
Escreve o autor sobre temas polêmicos como o homossexualismo,
segundo documentação as tribos indígenas
viabilizavam uma vasta aproximação entre homens de diferentes idades. A entrada
dos jovens não iniciados (na vida sexual) nessas sociedades era marcada por dramáticos
“ritos de passagem”, responsável pela transmutação do iniciando em um homem.
Gerando uma homossociabilidade, prática comum entre os homens das tribos
indígenas brasileiras. Sobre essa
prática, falavam horrorizados os viajantes que aqui estiveram ao longo dos
séculos. A propósito da homossexualidade e da bissexualidade nas populações
ameríndias, Freyre ressalta a considerável importância conferida aos homens
efeminados ou “invertidos”, cuja presença nesse tipo de sociedade é uma
constante. Esses homens gozavam de grande prestígio nesses grupos, servindo
para papéis que se relacionavam com a prática da magia e com a feitiçaria,
instituições centrais para a cosmologia indígena.. Em função da farta
ocorrência registrada na documentação encontrada pelo autor, Freyre destaca o
quão comum era, entre os viajantes no período do descobrimento, associar os
indígenas à pederastia (FREYRE, 1950, p. 258).
Foi também na moral sexual indígena que os homens brancos
puderam consumar seus apetites pelo amor entre iguais. Freyre destaca como a
prática de sexo entre homens encontrou no período colonial momento propício
para desenvolver-se. É importante destacar que Freyre não atribuía à
homossexualidade um traço peculiar de nenhuma etnia que contribuiu na formação
do Brasil, o que faz é afirmar que essa prática esteve presente em todas as
etnias (brancos, negros e indígenas), reforçando o seu caráter regular em
diferentes sociedades.
(autor desconhecido)
Referências:
FREYRE, Gilberto. Casa Grande & Senzala: formação da
família brasileira sob o regime de economia rural. Rio de Janeiro: Jorge
Olympio, 1950.
SOLIVA, Thiago Barcelos. Uma cultura dos contatos:
sexualidades e erotismo em duas obras de Gilberto Freyre. Rio de Janeiro: 2012