domingo, 21 de junho de 2015

Ritos de passagem: a homossexualidade presente nas tribos indígenas brasileiras e no período colonial, segundo Gilberto Freyre

Gilberto Freyre na década de 1930 publica sua grande obra Casa-grande e Senzala, baseando-se em uma vasta documentação, esta obra violou concepções racistas ainda vigentes na época, transformando-se de grande importância para compreensão da formação da sociedade brasileira, especificamente da formação sexual.
Escreve o autor sobre temas polêmicos como o homossexualismo, segundo  documentação as tribos indígenas viabilizavam uma vasta aproximação entre homens de diferentes idades. A entrada dos jovens não iniciados (na vida sexual) nessas sociedades era marcada por dramáticos “ritos de passagem”, responsável pela transmutação do iniciando em um homem. Gerando uma homossociabilidade, prática comum entre os homens das tribos indígenas brasileiras.  Sobre essa prática, falavam horrorizados os viajantes que aqui estiveram ao longo dos séculos. A propósito da homossexualidade e da bissexualidade nas populações ameríndias, Freyre ressalta a considerável importância conferida aos homens efeminados ou “invertidos”, cuja presença nesse tipo de sociedade é uma constante. Esses homens gozavam de grande prestígio nesses grupos, servindo para papéis que se relacionavam com a prática da magia e com a feitiçaria, instituições centrais para a cosmologia indígena.. Em função da farta ocorrência registrada na documentação encontrada pelo autor, Freyre destaca o quão comum era, entre os viajantes no período do descobrimento, associar os indígenas à pederastia (FREYRE, 1950, p. 258).
Foi também na moral sexual indígena que os homens brancos puderam consumar seus apetites pelo amor entre iguais. Freyre destaca como a prática de sexo entre homens encontrou no período colonial momento propício para desenvolver-se. É importante destacar que Freyre não atribuía à homossexualidade um traço peculiar de nenhuma etnia que contribuiu na formação do Brasil, o que faz é afirmar que essa prática esteve presente em todas as etnias (brancos, negros e indígenas), reforçando o seu caráter regular em diferentes sociedades.


Tibira, termo da língua tupi que designa índios homossexuais - 
                                (autor desconhecido)

Referências:

FREYRE, Gilberto. Casa Grande & Senzala: formação da família brasileira sob o regime de economia rural. Rio de Janeiro: Jorge Olympio, 1950.
SOLIVA, Thiago Barcelos. Uma cultura dos contatos: sexualidades e erotismo em duas obras de Gilberto Freyre. Rio de Janeiro: 2012


segunda-feira, 15 de junho de 2015












São Paulo – A 19ª Parada Gay de São Paulo deste domingo trouxe alegria e críticas à homofobia e aos políticos na Avenida Paulista.

Lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais de todo o país se reuniram para pedir respeito pela diversidade.
Durante a festa na Avenida Paulista, como nos anos anteriores, os participantes capricharam na maquiagem e no figurino para esbanjar alegria e descontração.
Mas não faltaram críticas a políticos, principalmente ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha.
Durante a coletiva de imprensa que abriu o evento, o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, e o governador do estado, Geraldo Alckmin, também foram cobrados pelos manifestantes sobre a atuação do poder público sobre os direitos LGBT.
Já a senadora Marta Supliciy, aliada da causa gay, subiu em um dos trios para participar do evento.
Um destaque que chamou a atenção foi o grupo Mães pela Diversidade, que desfilou pela avenida Paulista para pedir respeito aos seus filhos.

Disponível em:<http://exame.abril.com.br/brasil/album-de-fotos/30-fotos-incriveis-da-parada-gay-de-sao-paulo#3>Acesso em:15/06/2015, ás 00:11 hs.


Esta é uma crítica ao conservadorismo e preconceito exacerbado pela sociedade e as instituições conservadoras, que mão se adequam mais ao nosso tempo.
Acreditamos que protestos, mensagens como essa são importantes para se repensar o papel do preconceito na nossa sociedade, onde teoricamente somos livres.Que liberdade é esta que acaba sendo cerceada por nós mesmos, a própria sociedade?


domingo, 14 de junho de 2015

LEGALIZAÇÃO DO CASAMENTO ENTRE PESSOAS DO MESMO SEXO, FOI VOTADO ATRAVÉS DE PLEBISCITO NA iRLANDA

Casamento gay: Irlanda realiza plebiscito inédito no mundo

É a primeira vez que um país realiza consulta popular para legalizar união entre pessoas do mesmo sexo;







A retórica final dessa reportagem nos deixa otimistas quanto  ás mudanças de comportamento no que desrespeito ao preconceito contra os homossexuais, pelo menos foi o que as urnas nos mostrou na Irlanda.Em um pais com opiniões de lideranças dividido, de um lado tínhamos as autoridades políticas e figuras importantes do meio artístico que apoiam o casamento gay e de outro tínhamos a religião católica e conservadora que é contra. Na Irlanda  84,2% da população se declara católica e 90% das escolas do Ensino Básico estão sob a tutela da Instituição.
 Ainda assim no dia 22/05/2015, mais da metade da população do país foi as urnas para manifestar o seu apoio ao casamento entre pessoas do mesmo sexo, inclusive pessoas que residem fora do pais, fizeram questão de manisfestar o seu voto. O apoio ao casamento gay,venceu com 62% dos votos, contra 32% que votaram não.
 No total 3,2 milhões de pessoas  foram as urnas.Ou seja, ainda que em um país onde o conservadorismo é eloquente, podemos dizer que foi vencida uma batalha contra o preconceito pelas vias do povo, o que legitima de fato que essa é a vontade da grande maioria.Apesar de termos aqui dois polos de grande influência sob a opinião dos cidadãos, os mesmos demonstraram amadurecimento em relação as suas opiniões da forma mais democrática possível.



segunda-feira, 18 de maio de 2015

Filme : Alexandre O Grande

 Indicação de Filme : Alexandre, o Grande



O filme relata a trajetória de Alexandre, o grande rei da Macedônia.
Após a morte de seu pai o imperador Felipe II, ele assume o trono, passando a ser o jovem Rei da Macedônia.
 Implacável , ambicioso e estrategista, ele se tornou um dos maiores conquistadores de territórios que se viu na Roma Antiga. Levou seu exército á lugares que jamais imaginaram estar,buscando novas conquistas territoriais.
Para unificar suas conquistas, Alexandre fundou várias cidades, ao londo de seus territórios, muitas das quais se chamaram Alexandria em sua homenagem.

Reflexão:

Durante o filme podemos observar claramente a presença de uma relação de amor entre Alexandre e um outro homem. Percebemos que eles não tinham uma relação explícita, mais que também não se envergonham do que sentiam.
Existem teorias de que filósofos Gregos e Romanos , ensinavam aos jovens que relações sexuais entre Homens mais jovens e homens mais velhos, era uma forma de educá-los, já que assim teoricamente absorveriam dos mesmos  suas virtudes e ensinamentos filosóficos.
Naquele tempo nem existia o termo homossexual, o que nos leva a crer que essa relações sexuais entre homens eram mesmo naturalizadas.
Provoco você á refletir  se na Antiguidade a relação sexual entre homens era algo comum, porque ao longo do tempo essa pática veio se transformando em algo promíscuo e muitas vezes penalizado por muitos membros da sociedade atual?





sexta-feira, 8 de maio de 2015

O mito de Apolo e Jacinto

A Iconografia representa uma das mais importantes e marcantes tragédias românticas presentes nas crenças greco-romanas, o mito de um amor "divino", mas regado por características tão humanas quanto possível . De acordo com a mitologia grega, Jacinto, um jovem mortal e Príncipe Espartano, possuidor de uma beleza rara e magnífica (até mesmo aos olhos das Divindades da época) era apreciado por todos, mas amado arduamente pelos Deuses Apolo (Deus da juventude, da Luz e do Sol) e Zéfiro ( um dos Deuses responsáveis pelos ventos, especificamente pelos ventos do oeste, suáveis e agradáveis, que anunciariam o início da primavera). Ambos (Apolo e Zéfiro) sempre cortejavam o belo espartano, até que um dia Jacinto fez uma escolha: entregou-se aos encantos de Apolo, que lhe deu um beijo para selar o seu amor, despertando assim a fúria e os ciúmes de Zéfiro. Um dia Jacinto e Apolo estavam praticando o esporte de lançamento de discos. Em uma das vezes que Apolo lançou o disco para Jacinto, Zéfiro que era o Deus dos ventos do oeste, cego de ciúmes e com raiva da rejeição de seu amor por Jacinto, soprou o disco bem forte, mudando o seu curso e fazendo com que o mesmo girasse em outro sentido, atingindo consequentemente a cabeça do jovem espartano e causando a sua morte.
A pintura a óleo (criada no ano de 1801, pelo pintor neoclassicista francês, Jean Broc [1771-1850]) dá vida justamente ao momento em que Apolo toma Jacinto aos seus braços a fim de socorrê-lo, porém, ele já estava morrendo e nem mesmo as exímias habilidades médicas do Deus do Sol poderiam salva-lo. Apolo, ressentido com a perda de seu grande amor, transforma o sangue de Jacinto (que havia sido derramado naquele mesmo solo fértil) em uma bela flor, que recebeu o nome do mortal falecido, como forma de eternizar aquele amor interrompido.
Com isso, deixamos aberta a reflexão de que o universo das relações afetivas humanas esteve presente nesta e nas variadas crenças e lendas (sejam Gregas, Romanas ou outras) desde as civilizações mais antigas do mundo.

         Se as próprias sociedades greco-romanas (estas que produziram várias contribuições artísticas, políticas, econômicas, religiosas e institucionais) que deram origem aos modelos das várias sociedades ocidentais (da arrebatadora maioria) disseminavam (através de suas crenças, que naquele período eram consideradas verídicas) não só a possibilidade, mas a própria prática da relação entre 2 homens ou até mesmo as “paixões platônicas” porém interrompidas entre Deuses e homens (ou mulheres), porque a nossa sociedade condena a todos os seres (homens ou mulheres) de universos sexuais divergentes a um suposto castigo ou penitência “divina” por escolherem algo que é natural (como a relação entre semelhantes) desde os tempos mitológicos? Afinal, não devemos amar ao próximo como a nós mesmos? Esta reflexão cabe somente a você, caro leitor.
" A morte de Jacinto" (1801), pintura a óleo do neoclassicista francês Jean Broc (1771-1850)

segunda-feira, 4 de maio de 2015

Apresentação do Blog.

O blog “História e Homossexualidade” nasceu de uma atividade acadêmica, proposta a nós, futuros Historiadores.
 Escolhemos esse tema, a fim de refletir a cerca das contradições que permeiam este universo sexual, já existente a milhares de anos e que ainda assim vem sendo interpretado, "naturalizado", aceito ou repelido (como na maioria das vezes é por várias sociedades ao longo do tempo) de acordo com  o contexto histórico no qual esta inserido, ou seja, no tempo vivido.
Procuramos fazer essa reflexão buscando vestígios desde a Antiguidade até a atualidade, através de elementos sociais, manifestações culturais (músicas, produções cinematográficas, iconografias e etc.), crenças, mitos, que nos ajude a compreender porque algo que esta intrinsecamente ligado as organizações sociais desde os primórdios pode ser alvo de tanto preconceito e violência até os dias atuais. No intuito de contribuir cada vez mais com uma diminuição do preconceito banal (em relação a este grupo)  que cerca a sociedade historicamente falando, o blog através de post's futuros, tecerá textos relacionados a produções cinematográficas que retratam este tema (o da Homossexualidade na História), iconografias e diversos outros exemplos de fontes de análise. 
Os homossexuais juntamente com grupos representativos da diversidade sexual, exemplo: o grupo LGBT (sigla referente à: lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e trangêneros), cada vez mais se fazem presentes na sociedade, seja através das expressões artísticas como a dramaturgia, musica e outros campos, como na política, através das constantes lutas por igualdade e liberdade travadas por seus movimentos sociais minoritários e outros. Ou seja, a homossexualidade já se consolidou inclusive constitucionalmente em alguns países, apesar das grandes manifestações de ódio e preconceito contra esses grupos que constantemente aparecem na nossa atual sociedade, cada vez mais.
Esperamos poder contribuir para a reflexão que emerge de uma necessidade social de compreender porque ainda hoje, a nossa sociedade insiste em intervir nas decisões intimamente ligadas ao indivíduo e sua orientação sexual, enquanto ser social, em detrimento de padrões de comportamento impostos socialmente naturalizados e institucionalizados, seja por religião ou política, que ferem a liberdade de escolha do mesmo. Temos a necessidade de refletir sobre as relações interpessoais do ser humano ao longo do tempo.